Como Americano casado com uma Brasileira e que tem negocios no Brasil, passei mais de dezesseis anos vivendo, visitando e trabalhando neste, o maior país da América Latina. Durante a visita com a familia da minha mulher nas últimas férias de Natal e Ano Novo, me encontrei com um amigo brasileiro de ascendência africana e ex-deputado federal e ministro com o partido político PT (Partidos dos Trabalhadores). Nossa conversa rumou para o tema da vitória das eleições presidenciais de Donald Trump. Fiquei um pouco surpreso com seu comentário sobre o futuro do Brasil com o novo governo Trump. "Donald Trump será bom para o Brasil", afirmou. Eu pedi a ele para explicar. Ele continuou dizendo que, ele acreditava que a administração Trump não iria se intrometer nos assuntos internos brasileiros, como ocorreu com a administração Obama e evidenciada por publicações de documentos de comunicação do governo dos EUA vazados. O sentimento desse meu amigo era que um governo Trump permitiria ao Brasil lidar com seus próprios problemas políticos e empresariais sem interferência. Como alguém que fez a mídia em apoio ao Presidente Eleito Trump e quem ajudou a organizar eventos de divulgação de Trump para a campanha presidencial, eu estava particularmente interessado nesta perspectiva.
Logo percebi que meu amigo não era o único neste país com uma opinião positiva a respeito do recém-eleito presidente dos Estados Unidos. Em outra conversa muito interessante com um motorista do aplicativo Uber, ele discutiu como ele sentia que o Brasil precisava de seu próprio "Donald Trump". Ele explicou que o povo do Brasil está farto de políticos profissionais e que nenhum deles era confiável. Em várias outras conversas com empresários, operários e estudantes, foi discutida a necessidade de um Donald Trump brasileiro. Nomes como os do empresário e recém-eleito prefeito de São Paulo, João Doria, o deputado federal, Jair Bolsonaro e o empresário Roberto Justus, que foi o apresentador do programa O Aprendiz no Brasil, foram mencionados como possíveis candidatos políticos para a eleição presidencial em 2018.
Nos últimos três anos o Brasil atravessou e continua a atravessar um momento extremamente delicado. A investigação em andamento de um grande escândalo empresarial e político conhecido como "Lava Jato" se trata do suborno e o pagamento de contratos do governo e envolve tanto políticos e líderes empresariais influentes. Além disso, o Brasil está lidando com um impeachment presidencial, crimes graves e questões de segurança pública, a eclosão do Zika e agora o fevre amarelo e o devastador desastre da represa da Samarco em Mariana (MG). Apesar de tudo isso a maioria dos brasileiros continua a trabalhar arduamente para apoiar seu país. Durante o período que vai de 2014 a 2016, o Brasil conseguiu conquistar o privilégio de sediar uma Copa do Mundo de Futebol bem-sucedido e uma espetacular primeira Olimpíada da América do Sul. Mesmo enquanto as notícias locais fornecem atualizações diárias imagens de líderes empresariais e políticos levados para a prisão, as pessoas continuam tendo fé em que o Brasil sobreviverá a esta crise e eventualmente prosperará. Além disso, embora com orçamentos mais apertados, os brasileiros celebrarão as festas de Natal e Ano Novo com esperança no 2017 e acabam de celebrar outro carnaval maraviloso.
Existe alguns lampejos de esperança. Os setores empresariais como a agricultura, a mineração, os bancos, a aviação e a energia continuam a crescer e a mostrar-se promissores. O mercado interno no Brasil é significativo e sustentável e o investimento estrangeiro, em menor escala, continua a entrar no país. Na administração de Presidente Trump, a posição do Brasil como líder mundial em setores como o agronegócio, mineração, bancos e aviação será respeitada. A administração Trump deve reconhecer a importância do atual investimento brasileiro nos Estados Unidos, incluindo as centenas de milhões de dólares investidos no Tesouro dos EUA e investimentos diretos dos Estados Unidos por grandes empresas brasileiras como a JBS, a maior empresa de produção de carne do mundo, que emprega 20.000 Americanos. A administração Trump também deve tomar nota de outros investimentos brasileiros diretos nos Estados Unidos, como a nova fábrica de aviões estabelecida em Tampa, na Flórida, pela empresa brasileira de aviação Embraer e os investimentos dos brasileiros, como o bilionário Jorge Paulo Lemann que investiu em empresas americanas como a Anheuser Busch, Heinz e Burger King. Esses investimentos nos Estados Unidos criaram e expandiram milhares de empregos no território americanos. É provável que o Presidente Trump se sinta confortável com o Brasil empenhando com os EUA essa posição de força, o que poderia ajudar a facilitar boas negociações comerciais e de negócios, mas Trump vai deixar que os brasileiros lidem com seus próprios problemas e problemas internos.
Olhando para frente, o Brasil e a administração Trump têm o potencial de fortalecer as relações político-empresariais entre os EUA e o Brasil. Em uma ligação telefônica de congratulações, o presidente brasileiro Michel Temer destacou ao presidente Trump que o Brasil e os EUA têm um bom relacionamento que ainda pode melhorar. Discutiu também seu desejo para investimentos continuados em ambas as nações. Aqueles que estão olhando para a eleição presidencial brasileira de 2018 podem levar em consideração as questões prioritárias do governo Trump como reforma do governo, segurança, comércio e desenvolvimento de infraestrutura; todas questões relevantes para o Brasil. Os líderes brasileiros terão a oportunidade de rever e tomar nota das estratégias do Presidente Trump para saber como ele aborda essas questões durante seu primeiro ano de mandato.
A porta está aberta para que o Brasil tenha uma colaboração bem-sucedida e mutuamente benéfica com os EUA sob o novo governo Trump. A chave para o Brasil é construir e enfatizar seus pontos fortes, e enfrentar diretamente suas fraquezas enquanto efetivamente limpa sua própria casa.